terça-feira, 16 de julho de 2013


Werther Santana/Estadão
Werther Santana/Estadão
Não é fácil sobreviver de música no Brasil. Que o diga a quase centenária Izzo, que mantém uma fábrica de acessórios e instrumentos há quatro gerações no bairro paulistano da Lapa. Espremida entre a concorrência das grandes marcas e o avanço territorial da produção chinesa, a pequena empresa familiar se transforma em uma espécie de caçadora de oportunidades para continuar em evidência.
cia, a Izzo se viu obrigada a diversificar ao máximo a oferta, ao contrário dos empreendimentos de igual porte e de outras áreas que apostam no nicho como uma opção para concentrar esforços, ampliar a competitividade e fugir da disputa com os representantes externos.
Hoje com 22 marcas (14 delas próprias e outras oito distribuídas com exclusividade), o empresário Aldo Storino, que está no comando da empresa desde 1978, e as irmãs Simone e Priscila Storino, que se preparam para suceder o pai, gerenciam uma cartela de 4 mil produtos. E minimizam o evidente desconforto de administrar um portfólio dessas proporções com resultados financeiros anuais que crescem acima de 15% ao ano.
"Não é fácil cuidar de tantas marcas distintas. Esse é um desafio que a gente tem enfrentado nos últimos anos. Nós brigamos com nós mesmos", conta o patriarca Aldo, que espera por um faturamento de R$ 60 milhões este ano - resultado 20% maior que o registrado em 2012 e que, se confirmado, será quatro vezes acima ao contabilizado cinco anos atrás. "É complicado, mas tem sido (uma estratégia) fundamental para mudarmos de patamar e quadruplicarmos o faturamento", explica.
Trocando em miúdos, a estratégia da Izzo, que no passado atuava exclusivamente com acessórios, passa pela importação principalmente de produtos acabados, como violões, guitarras e baterias. Para tanto, a empresa de 95 anos fechou parceria com fabricantes chineses. Eles se encarregam da confecção de oito marcas, dentre elas a Timbra e a Dolphin, esta última reposicionada no ano passado para atender a demanda de um novo padrão de consumo.
"A gente identificou uma oportunidade para produtos intermediários, justamente os que ficam entre a categoria de acesso, onde a disputa é no preço, e a profissional, que é dominada pelo equipamento importado. Fomos para a China e desenvolvemos uma linha completamente nova, guitarras de uma qualidade maior, feitas com o nosso design", afirma Simone, que também trabalha para fechar contratos de distribuição exclusiva como as que tem com a Fender, Dunlop, Casio e Vic Firth.
"A tendência da marca é consolidar as marcas próprias, seja fabricando ou importando, e depois viabilizar novos contratos de distribuição", afirma a irmã Priscila, que conta ter investido R$ 200 mil em um centro de distribuição na região da Grande São Paulo. "Os acessórios ainda nos dão mais dinheiro e nós continuamos e continuaremos com eles, mas os instrumentos prontos dobraram nosso tíquete médio", destaca ela, que estima que o valor médio das encomendas saltou de algo em torno de R$ 750 para atuais R$ 1,5 mil.

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